Computação Cognitiva com o IBM Watson

Desde a década de 60 é investido em estudos em tecnologias que tenham a mesma capacidade dos seres humanos, de pensar e raciocinar sobre diversos assuntos, que possam tomar decisões baseadas na bagagem emocional e social, no entanto, estes estudos tiveram altos e baixos e poucos resultados significativos foram obtidos, mas no início dos anos 2000 essa tecnologia passou a ganhar uma maior notoriedade. A IBM, girante da tecnologia mundial, foi uma das pioneiras a lançar no mercado uma tecnologia de computação cognitiva, o IBM Watson, um software com capacidade de tomar decisões baseadas no conhecimento adquirido.

O IBM Watson foi criado em 2003 e recebeu este nome em homenagem ao fundador da IBM, o empresário norte-americano Thomas Watson. O Watson ganhou uma maior notoriedade somente em fevereiro de 2011 em um famoso show de perguntas e respostas de conhecimento geral nos Estados Unidos chamado Jeopardy, no qual venceu a disputa.  Esta tecnologia de computação cognitiva chegou ao Brasil em 2014, já com APIs traduzidas para a língua portuguesa.

O data center da IBM que hospeda o software do Watson é composto por duas grandes unidades, divididas cada uma em cinco torres, com 10 servidores IBM Power750. Tudo isso equivale a 2.800 computadores juntos. A memória é de 15 trilhões de bytes.

O Watson pode interpretar dados não estruturados vindos da web em qualquer formato, seja vídeo, texto ou foto, como faz um ser humano, mas com a velocidade de uma máquina com tecnologia de ponta. É daí que vem o nome de computação cognitiva, já que a cognição é o processo por meio do qual nós adquirimos conhecimentos a partir dos nossos sentidos.

À sua maneira, o IBM Watson pode pensar, graças a algoritmos complexos de inteligência artificial baseados em redes neurais e na tecnologia de aprendizagem chamada deep learning. Por dia, 2,5 bilhões de gigabytes de informações da web são processadas para que ele se torne ainda melhor.

Conforme os dados vão sendo lançadas ao IBM Watson, o sistema vai aprendendo cada vez mais sobre o complexo processamento de linguagem. Ele varia de idioma para idioma, mas se baseia em três pilares: gramática, estrutura e relação de palavras. É por isso que o Watson sabe que a manga da camisa não é uma fruta e o banco da praça não é uma instituição financeira.

Toda a análise é criada com base em computação probabilística, em que o resultado varia em função de um espectro e não simplesmente de parâmetros de “sim ou não” e “se isso, então aquilo”, como acontece em sistemas menos complexos.

Atualmente, a IBM oferece mais de 30 APIs (Interface de Programação de Aplicação) do IBM Watson a desenvolvedores. Com isso, a expertise de computação cognitiva é oferecida para empresas e startups que queriam criar um produto com inteligência artificial. Hoje, o Watson já tem aplicações importantes em quase 20 segmentos, incluindo saúde, advocacia, gastronomia e educação.

As APIs fornecidas pela IBM, disponíveis no site Bluemix, são na sua grande maioria gratuitas e podem ser utilizadas por desenvolvedores, no entanto, a partir do momento que há ganhos em escala com as aplicações, esses recursos passam a ser cobrados.

Dentre as diversas APIs oferecidas pela IBM na plataforma do Watson, foram listadas a seguir 5 exemplos que podem ser facilmente utilizadas, com uma breve descrição de cada uma.

Text to Speech

Transforma texto em áudio com entonação e cadência apropriada. Está disponível em diverso idiomas. Em português, há uma versão com voz feminina disponível, chamada de Isabela. Não tem custo para até 10 mil caracteres por mês.

Speech to Text

O serviço converte a fala humana para texto e pode ser usado para toda aplicação que precisa de uma ponte entre a voz e um documento escrito, incluindo sistemas de controle, transcrição de entrevistas ou conferências telefônicas e ditar e-mails e notas. A ferramenta usa inteligência de máquinas combinadas com informações de gramática e estruturas de linguagem com arquivos de áudio por gerar transcrições mais precisas. O serviço está disponível em Inglês (EUA), inglês (RU), japonês, árabe (MSA), mandarim, português (Brasil), espanhol, francês, coreano. O serviço é gratuito para até 100 minutos de áudio por mês.

Tone Analyser

Este serviço pode captar diversas informações de sentimento por meio da entonação de um texto, como: alegria, tristeza, raiva, etc. Essa entonação pode impactar a efetividade de uma comunicação em diferentes contextos. O Tone Analyser realiza análise cognitiva linguística para identificar melhores entonações para diferentes contextos de comunicação. Ele detecta diferentes tipos de tons: emocionais (raiva, desgosto, medo, alegria e tristeza), propensão social (abertura, conhecimento) e estilos de escrita (analítica, confessional e argumentativa) em um texto. Não tem custo para até 2500 chamadas de API por mês.

Personality Insights

A ferramenta oferece insights baseados em dados transacionais e mídias sociais para identificar perfis psicológicos que podem determinar decisões de compra, intenções e comportamentos e, assim, ampliar taxas de conversão. É gratuito para até 1000 chamadas de API por mês.

Watson Assistant (formerly Conversation)

A ferramenta permite que desenvolvedores projetem formas para que aplicações interajam com usuários finais por meio de uma interface de conversação. O Dialog Service habilita aplicações com linguagem natural para prover respostas automáticas para questões encaminhadas por consumidores, encaminhamento de processos, ou atendimento para resolução de tarefas. A tecnologia pode, ainda, armazenar e mapear informações dos perfis dos usuários para aprender mais sobre os consumidores de uma empresa, guiando os consumidores por meio de processos ou os abastecendo de informações relevantes. A ferramenta é grátis para as primeiras 10 mil chamadas de APIs por mês.

O IBM Watson proporcionou uma quebra de paradigma para desenvolvedores e empresas de software, tornando acessível a experiência de trabalhar com computação cognitiva. Com as diversas APIs do Watson é possível agregar valor aos softwares desenvolvidos com essas tecnologias.

Autor: Ronaldo Santos

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